quinta-feira, 8 de outubro de 2009

As sub 16 no europeu

A pedido de um leitor passo a explicar porque considero ter sido brilhante a participação das jovens.
É algo muito simples, estivemos a poucos segundos de termos sido apurados para disputar as meias-finais.
Conhecendo minimamente a realidade do Basquetebol Feminino em Portugal, só posso dizer que estivem,os muito bem.
Sabendo que estámos a falar de jovens não considero que só se deva analisar o resultado final, mas também o percurso, e o percurso destas miudas foi brilhante.

19 comentários:

Anónimo disse...

Caro amigo,

Antes demais obrigado pela sua explicação sobre porque é que considera brilhante esta participação da nossa selecção sub 16.

Em segundo lugar dizer, que pelo tempo que levou pensei que a sua explicação tivesse mais substracto, mas voltou a visitar os já pouco imaginativos lugares comuns, e passo a citar alguns deles:

1- O basquetebol feminino em portugal...

2- O quase apuramento em segundos perdidos..

3- Estamos a falar de jovens... não creio que as outras selecções não sejam igualmente jovens..

Prefiro e tenho por caracteristica isso, nunca entrar numa guerra como perdedor, e você sabe porque penso que já o foi um selecionador nacional, todos nós em portugal quando vamos a um clinic onde intervenha alguns deles, a sua maioria já esta derrotada antes de começar o europeu e os que não estão derrotados nunca estão mais do que conformados com algo brutalmente mediano, que é ser da parte detrás do comboio da 2º divisão europeia.

Deixe-me dizer-lhe uma coisa, o que espero é que nenhum selecionador vá para um europeu derrotado ou anesteciado e que se o fizer só o faz uma vez... não porque foi despedido, mas porque foi aprendeu, viu como se faz e agora mãos a obra para pôr Portugal a andar, mudando mentalidades de norte a sul do pais,primeiro através de um numero pequeno de seguidores e depois ajudar esses seguidores a terem muitos outros!
Temos muitos problemas no nosso basquetebol, mas considero que os dois maiores que travam isto tudo são quem manda não querer ver o todo, e o todo é o norte o centro o sul e as ilhas, e quem manda no campo pensar que são uma especie de deuses que vivem em laboratórios de experiências e que todos os julhos e agostos levam brutais lições de basket.
Gostava que me respondesse a pergunta que lhe vou fazer de uma forma directa, objectiva e sem rodeios!

Hoje em dia temos gerações que vão a europeus sendo sub16 com 2 anos de internatos em centros de estágios, a minha pergunta é esta considera que miudos ou miudas com dois anos de estágios com selecionadores espanhois, teriam os mesmos resultados?

Embora esta troca de ideias tenha começado com as sub16 femininas, a minha pergunta é feita para ambos os sexos e para qualquer dos escalões nestes dois sexos.
Se quiser porque penso que está mais a vontade para o fazer, pode responder tendo o escalão de sub16 como base para disertar.

Carlos Marques

Pata Negra disse...

Caro Carlos Marques
Por manifesta falta de tempo vou-lhe tentar responder, passo a passo e em forma de comentários.
Acusa-me de falta de imaginação e de substrato.
Porque é que as análises devem ser imaginativas? Não devem antes de mais ser cuidadosas e de acordo com a nossa consciência? Não devem ser a nossa interpretação da realidade? Porque razão temos de ser imaginativos na interpretação da realidade? Não será o uso da imaginação, na interpretação da realidade, algo que em vez de permitir que as soluções que se encontram sejam as mais correctas, um problema, pois estamos a interpretar a realidade de uma forma especulativa?
Penso que sim.
Penso que se deve ser criativo nas soluções, mas nunca nas análises.
Quanto ao substrato, parece-me uma resposta adequada para um blog, com certeza que se tivesse outras responsabilidades, a profundidade da análise seria maior.
Será que uma proposta como a sua de simplesmente trocar os Seleccionadores Nacionais, pelos Espanhóis é assim tão imaginativa? E tem assim tanto substrato?
Mal me seja possível continuarei a comentar o seu comentário.
Esperando que continue a ter paciência para me ler.
E não me esqueci de responder a sua pergunta directa, nem a estou a evitar.

Pata Negra disse...

Quanto à expressão que entende por “lugar-comum” eu disse e reafirmo “Conhecendo minimamente a realidade do Basquetebol Feminino em Portugal”, parece-me que não é um lugar –comum, pois para se fazer uma análise séria, dos resultados de uma Selecção Nacional, estes devem ser analisados e contextualizados, logo temos de os contextualizar na realidade que é o Basquetebol Feminino em Portugal.
O Basquetebol Feminino em Portugal tem poucas praticantes, tem competições de fraco nível, a maioria das equipas têm condições de treino fracas, e tem um nível baixíssimo, quando comparado com o Basquetebol Europeu, quer a nível técnico, quer a nível táctico, quer a nível físico (e não estou a escrever nada sobres as características antropométricas), poderia alargar a caracterização mas penso que chega.
Mais tarde escreverei sobre as nossas competições.

Anónimo disse...

Caro Pata Negra já vi que pretende ir mais pelo lado gramatical da questão do que pelo basket, o que eu entendo bastante bem uma vez que por uma questão de cortesia ja fez parte do trem de cozinha e a não quer entrar por caminhos mais polémicos, e que naturalmente lhe fechariam algumas portas,e uma pessoa nunca sabe o dia de amanhã e podemos voltar ao ponto de partida...


Aqui fica retirado de um dicionário o significado de imaginar e por consequência de imaginativo :

imaginar | v. tr. | v. pron.

imaginar - Conjugar
v. tr.
1. Representar no espírito.
2. Idear.
3. Cuidar, pensar.
4. Conjecturar!Conjeturar; cismar.
v. pron.
5. Julgar-se, supor-se.


Como é obvio estava a referir-me ao ponto numero 3 embora se podendo englobar outros pontos, mas pronto não quero passar por professor de português!
Quanto á pergunta sobre os selecionadores espanhois a qual não respondeu, não é de facto imaginativa porque qualquer pais subdesenvolvido como o nosso no que refere a basket já tem espanhois, agora se tem substracto, penso que deve andar a dormir...
Um bom fim de semana e bom basquetebol!

Carlos Marques

Pata Negra disse...

Não é uma tentativa de ir pelo lado gramatical da questão, tem a ver com o facto de escrever o que penso. Não tenho que ser mais ou menos imaginativo.
Quanto às imaginativas apreciações sobre o trem de cozinha, são conjecturas, muito imaginativas.
Quanto à resposta a sua pergunta vou dar-lha descanse.
Não sei se será a que quer ler, não sei se será concordante com a sua opinião, ma será a minha, livre e desempoierada, como sempre.

Pata Negra disse...

Já agora:
No dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora (8ªEdição)
Imaginativo, que imagina com facilidade, engenhoso, cismático, apreensivo.
Imaginar, representar ou conceber na imaginação; idear; crer; supor; inventar; cismar.
Pelo visto temos conceitos diferentes sobre a mesma palavra.
Ah! Não me esqueci de lhe responder. Vou responder brevemente.
Mas antes ainda lhe gostava de fazer uma pergunta. Será que responde?

Anónimo disse...

Caro Pata Negra, duas coisas,

Aceito a forma como gosta de criar suspense no periodo de resposta, e passo a explicar, as suas explicações são tão basicas que são quase do tamanho da frase que adora escrever " não me esqueci e hei-de responder"...
Não percebo porque é que não diz logo tudo o que tem para dizer.

Segundo não sei se responderei, ou melhor responderei quando você se dignar a responder a minha pergunta, por um simples motivo já ouvi os selecionadores nacionais, falarem de tudo, como falta de contacto internacional, pouca quantidade para escolher,fracos treinos,etc... mas nunca ouvi nenhum dizer que a qualidade dos nossos selecionadores está a anos luz dos estrageiros como por exemplo dos espanhois,você tem noção do que é ser treinado 4 anos em regime de internato e não se ver nada de nada!??! Imagina miudos ou miudas com treinadores espanhois com 4 anos de internato.. responda a minha pergunta de uma forma sincera, honesta, global e não se refugie que é a sua opinião etc...

Abraço,


Carlos

Pata Negra disse...

Caro Carlos e outros leitores:
Peço desculpa pelas minhas ideias serem tão básicas. Mas apetece-me continuar a escreve-las.
As nossas competições de jovens, Sub 14 e Sub 16, disputam-se a ritmos baixíssimos e são pouco propiciadoras ao desenvolvimento das nossas jovens, devido ao tipo de dificuldades que (não) lhes causam. Muitas das nossas jovens de melhor nível, não têm a mínima oposição durante meses, não conseguindo assim ter oportunidades para evoluir.
Por outro lado na maior parte dos jogos vê-se um predomínio da estratégia (baseada na debilidade do adversário) sobre as questões fundamentais do jogo, o que dificulta o crescimento das atletas e impede o seu progresso e desenvolvimento.
Dou-lhe dois exemplos típicos dos pavilhões portugueses, desde muito novas as atletas aprendem a dar ajudas atrás de ajudas defensivas, sempre que existem penetrações ao cesto, valorizando muito mais os treinadores este aspecto do que a defesa do jogador com bola.
Segundo exemplo, a pressão sobre a bola nos pavilhões portugueses é feita a 2 ou 3 metros de distância pois mal algum treinador nota que uma adversária não tem capacidade para lançar de média/longa distância a atitude que toma é essa, como são inúmeras as vezes que as nossas jovens semanalmente se deparam com estas condições, criam-se hábitos de não defesa, hábitos que, quando se encontram jogadoras com essas competências, vão ser claramente pontos fracos.
Poderia dar-lhe muitos outros exemplos básicos, mas concerteza que o Carlos deve ter ideias muito mais elaboradas e criativas, que espero que partilhe aqui connosco.
Na formação a estratégia não deve condicionar o ensino do jogo, o que não é o caso da realidade do Basquetebol Feminino Português e já agora o que escrevi para o masculino.
Quanto às minhas ideias, provavelmente são básicas, são o resultado do país onde vivo, e daqueles com quem troco ideias.
Infelizmente não tive ainda acesso às suas ideias, ou melhor a única ideia que defende é que se devem trocar os treinadores portugueses por estrangeiros. Um pouco à semelhança da FPB, que já tem nos seus quadros três estrangeiros.
E nada tendo contra os estrangeiros, para mim nacionalidade não é sinónimo de competência, eu gosto é de competentes, estrangeiros ou portugueses, e em ambos os grupos existem competentes, obviamente mais no primeiro caso do que segundo, um pouco como nos jogadores (quanto mais não fosse pelo número de total de uns e outros).
Vou-lhe deixar duas pequenas perguntas.
Qual foi a melhoria dos resultados da Selecção Nacional Sénior, depois de se ter contratado o Ex-Seleccionador Espanhol, Vice-Campeão Europeu de Seniores?
Será que resolveu todos os males da Selecção Nacional?
Note-se que eu penso que foi uma excelente escolha.
Sobre isto deixe-me dizer-lhe uma coisa, que provavelmente conhece (pois deve ser um profundo conhecedor do Basquetebol Nacional (do Norte ao Sul, do Interior ao Litoral, passando pelas ilhas), mas permita-me relembrar-lhe que, e só a título de exemplo (mais um bem básico), o Seleccionador Búlgaro, que venceu a Divisão B, de Sub 16 Masculino, recentemente disputada em Portugal, foi treinador de um clube aqui da região do Porto, e asseguro-lhe que aquilo que deixou, não corresponde minimamente aquilo que a sua selecção mostrou. Porque será? De certeza que terá uma opinião profunda sobre isto, provavelmente também criativa.
Não vou escrever a frase que tanto o incomoda. Não por questão de “suspense”, mas porque está na hora de me deitar e por outro lado pretendo ser um pouco mais profundo, na medida do possível, dado não conhecer tão profundamente o trabalho dos seleccionadores espanhóis, e de outros países como o Carlos concerteza conhece, e dai não me ser possível escrever com mais qualidade.
Cumprimentos e desculpem a minha ignorância.

Anónimo disse...

Caro Pata negra,

Devo-lhe dizer que gostei muito da sua resposta, que foi bem diferente das outras, uma vez que abriu o seu ponto de vista á opinião publica.

Gostava que me desse mais alguns exemplos tipicos dos males do nosso basquetebol português e que são tipicos nos nossos pavilhões, por dois motivos um para que eu o entenda melhor e segundo porque gostei muito desses exemplos e porque concordo com eles.

Assim depois poderei também eu explicar-lhe o meu ponto de vista sobre este tema e sobre todos os que quiseres ler.

Gostava mesmo muito que desses mais exemplos, e que de preferência escrevesse mesmo todos os que acha que contribuem para a nossa situação, esses dois são de facto muito bons!

Abraço,

Carlos

Pata Negra disse...

Não percebi se era ironia, ou se está a ser sério.
De qualquer maneira continuarei a escrever a minha opinião.
Espero resposta às perguntas lol.

Anónimo disse...

Era a mais pura verdade, peço-lhe que enumere mais exemplos que considere relevantes, especialmente no âmbito técnico e táctico, e depois eu digo-lhe os meus e respondo a todas as perguntas que queira e que eu acho pertinentes também.

Aguardo, e depois tem a minha palavra como num comentario colocarei todos os assuntos juntos.

Abraço,

Carlos

Pata Negra disse...

Prometo que farei uma descrição mais pormenorizada, sobre aqueles que eu entendo serem os problemas do Basquetebol Português. Entrando em mais detalhes técnicos e tácticos. Com a pouca capacidade que tenho mas com muita honestidade intelectual.
No entanto e para que não me acuse de fugir às questões, permita-me o Carlos e os nossos leitores, que são poucos mas que merecem o meu (nosso) respeito, que continue a seguir a minha linha de raciocínio, baseada nos seus primeiros comentários.

“Prefiro e tenho por característica isso nunca entrar numa guerra como perdedor...” Relativamente a este parágrafo, do seu 1º comentário vou escrver duas ou três vezes, por tanto vai mesmo ter de ser paciente.
Sobre ser ou não ganhador deixo-lhe as palavras de Pepu Hernandez:
“ Por qué vestirse de ganador em cada declaración? “A mi no me gusta perder ni a las chapas”, no admito la derrota ni em los amistosos”, “soy un ganador nato”... Frases habituales bajo la canasta, escorados a la banda, que dejan em mal lugar a quienes omitem manifestaciones de esa grandiloquencia. Son estes menos ganadores o ambiciosos?
Mejor que digan de ti que eres un ganador a que lo afirmes tú, mejor demostralo que mostrarlo. Ademas, quienes no vencen son unos perdedores? Yo no lo creo.
Ainda diz Pepu Hernandez:
...La A viene de alcanzable. El titulo e las medallas seria una quimera en la boca del preparador de la seleccíon panameña. Carecería de credibilidade.

Peço desculpa das palavras não serem minhas, mas concordo plenamente com Pepu.

Pata Negra disse...

Outro pequeno exemplo:
Não considero os nossos homens do Rugby, uns perdedores, relembro que foram idolatrados pela nação, e endeusados pelos "media" pela sua participação num Mundial onde não ganharam um único jogo.
Este Mundial disputou-se em simultâneo, mais ou menos, com o Europeu de Basquetebol, em que a nossa Selecção venceu dois jogos e passou à segunda fase, não tendo os Basquetebolistas tido o mesmo reconhecimento público e entre as pessoas da sua modalidade, que tiveram os homens do Rugby.
Após esta introdução passo a transcrever algumas ideias de Tomaz Morais, ainda sobre esta questão dos objectivos.
"O resultado (contra a Nova Zelândia, nota minha, 108-13 não foi o que desejávamos. Apesar de termos a noção das diferenças abissais entre as duas equipas, o objectivo assumido pelos jogadores e pela equipa técnica era sofrer menos de 100 pontos. Mas foi impossível".

Pata Negra disse...

Até agora, perante o parágrafo em questão, tentei chamar à atenção para dois factos, primeiro o de alguém se dizer “um ganhador” não passa de um lugar comum, algo que criticou em mim (a utilização de lugares-comuns), mas que na minha óptica é criticavel em si.
Quanto à definição de objectivos, que acho fundamental, cada grupo, deve ter os seus muito bem definidos, estes devem ser definidos de acordo com a realidade.
Curiosamente também já ouvi alguns Seleccionadores nacionais, efectivamente ouvi um deles dizer que tinha como objectivo perder por poucos, num momento em que ia disputar a Divisão A, a qual a equipa que treinava tinha subido dois anos antes, pareceu-me efectivamente que não era uma boa definição de objectivos, fundamentalmente como estratégia de comunicação.
Relativamente a mais dois que já ouvi, curiosamente as ideias expostas eram ligeiramente diferentes das que aqui transmite, pois ouvi-os dizer que o objectivo para a próxima competição era ficarem nos oito primeiros da Divisão B.
Estes objectivos ser brutalmente medianos, mas o que interessa saber é se estão bem ou mal formulados.
Vou-lhe deixar aqui algumas ideias, baseadas em escritos de Chema Buceta (Ex-Seleccionador Espanhol, já agora), Phil Jackson, e Guillermo Perez (instrutor de psicologia da FEB).
Os objectivos devem ser claros e muito específicos, em lugar de gerais e ambíguos.
Exemplos: defender melhor (ambíguo), estar sempre, na fase defensiva, em posição básica defensiva (claro e específico).
Os objectivos devem ser atractivos para os jogadores, mas simultaneamente realistas.
Os objectivos atractivos são os que despertam o interesse dos jogadores, mas este interesse só se mantém se os objectivos são realistas e que se podem verdadeiramente alcançar.
Um objectivo atractivo, mas pouco realista faz com que a motivação diminua, quando os jogadores se apercebem, que não conseguem alcançar o que lhes foi proposto, por outro lado se um jogador percebe que pode alcançar o objectivo vai-se superar para consegui-lo.
Os objectivos demasiado fáceis, ainda que sendo atractivos também não são desafiantes.
Segundo estas ideias, talvez os objectivos formulados, e dada a realidade nacional, não sejam brutalmente medianos, mas brutalmente realistas.

Anónimo disse...

Os seus argumentos são de facto seus, e tem sempre toda a legitimidade para dizer o que quiser ainda para mais no seu blog, mas deixe-me dizer-lhe que se vamos sempre invocar o nosso direito a opinião e a nossa capacidade de discordar, e não tivermos coragem suficiente para discutir os nossos pontos de vista, nunca haverá uma discussão saudável,porque eu tenho direito a minha opinião, a pluralidade ou não da minha opinião e também direito a querer discutir ou não os meus pontos de vista...

Para começar e já que os treinadores portugueses são como os estrangeiros há uns bons, uns maus e outros assim assim, qual a razão para que depois da Ticha nunca mais tenha aparecido uma jogadora de classe?

Todos os anos há quilos de jogadores e jogadoras nos nossos centros de treino com as medidas mágicas de 200 cms no homens e 180 cms nas mulheres?

Pois eu vou já adiantar a minha resposta a esta pergunta, é obvio demais, ser treinador de qualidade a nível europeu não chega só ver jogos europeus, senão os pais das miudas que vão aos europeus também seriam treinadores a sério!

Quem treina nos lugares chaves que sãos os Cars e os Cnt´s não tem conhecimentos nem capacidade para inverter um ciclo dinâmico que é o desenvolvimento da nossa modalidade!

Estes treinadores devem ser os catalizadores de uma nova vaga de metodologia da modalidade e não o são! Simplesmente gerem o seu grupo de trabalho e mais nada.
Quanto a gestão do grupo de trabalho em termos de conceitos de jogos estamos a milhares de anos luz, com transições surreais ofensivas como os sub20 masculinos, ou com visões sectoriais do jogo como isto é tudo na defesa e na pressão e se destruirmos o jogo adversário ao menos temos mais hipoteses, como as sub16 ou as sub20 femininos.

Basta ver jogos dos campeonatos europeus de divisão A (acredite que já vi uns quantos...), e vemos jogadores completos quer no processo defensivo e ofensivo, mas alem de grandes talentos fisicos ( aqui estamos de acordo os dois, que em Portugal há pouco)conseguimos observar génio, através da técnica individual e táctica individual.

Faço o seguinte exercicio de memória e não encontro nenhum míudo que tenha entrado para as esferas da federação como um bom executante e tenha saido de lá como um génio ofensivo!

Porquê? Porque passam a vida a castrar a personalidade dos míudos em termos de basket e a formatar todo de forma igual, e basket deveria ser preservar a nossa individualidade no colectivo!

A maior parte dos selecionadores são bons treinadores mas apenas isso, não sao mestres do jogo, não sabem ensinar as novas tendências do jogo, chegar no contra-ataque e lançar de 3 pts, penetrar fazer uma bomba á navarro etc...

Já sei que me vai dizer que os nossos vizinhos espanhois os miudos jogam mais cedo, é verdade, mas quem tem talento e é bem ensinado o seu talento explode a mesma nem que seja um pouco mais tarde.

Mas não e sempre melhor caçar as bruxas do que potenciar o que temos, se somos tão maus e fora da média europeia podiamos ao menos ser como o andebol ou o voleibol que de vez em quando tem uma selecção jovem feminina ou masculina acima da média e fazem uns resultados.

Nós não, somos formatados sempre da mesma maneira, diria que é o método FPB (Fazemos Pessimos Basquetebolistas), diga o que disser 4 anos de internato é muito tempo e dá para evoluir muito e pôr de vez em quando uma geração a fazer um brilharete e um miudo ou miuda de nível europeu de vez em quando...

A bola está agora do seu lado, e ainda não enumerou mais problemas tecnicos e tácticos que eu lhe pedi e que gostaria tanto de o ver responder,

Carlos

Pata Negra disse...

Caro Carlos
Só é pena que a nossa “conversa” tenha começado tão mal.
Lamento que nos seus comentários tenha partido para o “ataque”, com alguns laivos insultuosos.
Porque quando falámos de Basquetebol, mesmo, até me parece que estamos muito próximos.
Vou abrir uma excepção à regra que determinei para as respostas que lhe iria dar, para comentar o seu último comentário.
E se determinei esta linha para as respostas que lhe prometi, tem a ver com o facto de, provavelmente por defeito de fabrico, gostar de pensar primeiro nas questões estruturais, e depois nas conjecturais. Eu pessoalmente penso que a maior parte dos problemas do Basquetebol Português são demasiado amplos para que simples mudanças conjunturais, o possam influenciar significativamente e como um todo.
Quanto ao facto de ter direito a sua opinião, não lha retiro de maneira nenhuma, senão poderia ter apagado os seus comentários, o que não fiz nem farei, excepto se houver insultos a pessoas, que não a mim. A mim pode-me insultar que eu não me importo.

Quanto à questão da Ticha, aquilo que eu penso sinceramente é que Tichas nascem de 20 em 20 anos ou mais, independentemente dos treinadores, etc, etc.

Relativamente aos Campeonatos da Europa (Divisão A), provavelmente já nos cruzamos, pois eu também já vi alguns.

“... a castrar a personalidade dos miúdos em termos de basket e a formatar todo de forma igual, e basket deveria ser preservar a nossa individualidade no colectivo...
...não sabem ensinar as novas tendências do jogo, chegar no contra-ataque e lançar de 3 pts, penetrar fazer uma bomba á navarro etc...”

Relativamente a isto eu diria o Basquetebol Português castra o talento, os treinadores portugueses (a maioria) não gosta de talento, dai a velha frase “ o ataque ganha jogos e a defesa campeonatos” de que os nossos treinadores tanto gostam, me meter ASCO.
Outro dia a ver um jogo de formação, irritei-me profundamente, porque estamos a falar de uma equipa cheia de talento, com 12 bons jogadores, para o nosso nível, mas só três deles podem vir a ser efectivamente bons jogadores de basquete, um deles pelas características físicas excepcionais e dois deles porque “respiram” talento, curiosamente os dois que respiram talento foram dos menos utilizados pelo treinador, enquanto outros, efectivamente muito empenhados e com talento zero não saiam do campo, porque são muito voluntariosos, etc.

Pata Negra disse...

Vamos então continuar a conversar um pouco mais sobre questões técnica e tácticas. Como gosto de ser organizado vou continuar a falar da defesa, deixarei o ataque para depois, por mera falta de tempo, NÃO QUE LHE DÊ MENOS IMPORTÂNCIA, DE FORMA NENHUMA!

Relativamente à defesa, além das questões já apontadas, falta de pressão sobre a bola, excesso de ajudas defensivas e predomínio da estratégia sobre o desenvolvimento dos jogadores, vou-lhe levantar mais duas das questões onde vejo o nosso Basquetebol Juvenil muito afastado da Europa. Nas competições jovens (e só vou falar de sub 16 para cima, pois até ai não me parece adequado levantar esta questão), só existem dois tipos de estratégia defensiva colectiva HxH em ¼ de campo e Zona 2:3, não se utilizam outros tipos de defesa, praticamente não existem defesas pressionantes (HxH ou Zona), não se utilizam Zonas Ímpares (a 1:3:1 já esteve na moda nos anos 80, mas hoje morreu em Portugal, a 1:2:2 cada vez mais usada na Europa, não existe nos playbooks dos nossos treinadores), não se utilizam Defesa Mistas. Os nossos jogadores perdem profundamente com isto, pois não ganham uma bagagem táctica que lhes faz falta, quer para aprender a atacar quer para terem outras ideias defensivas. Curiosamente penso que a este nível o treinador das Sub 16, muito influenciado pelo trabalho do Pep Claros, na Madeira, revolucionou um pouco. Não quero com isto dizer que todas as equipas devem defender tudo, mas acho ridículo que em Portugal, em 90% dos casos, só exista isto.
Se for pesquisar neste blog, com certeza que vai encontrar referências ao que disse em cima.

Ainda em relação à defesa, a forma como se defendem bloqueios directos e indirectos em Portugal é de uma pobreza brutal, 75% das equipas tem as mesmas três opções para defender bloqueios directos, passar em terceiro (para mim a mais pobre de todas), trocar e dar um tempo de ajuda parece que não existem mais opções, isto condiciona claramente o desenvolvimento do ataque que também ele fica limitado a estas três leituras (mas de ataque falaremos outro dia). Relativamente à maioria dos bloqueios indirectos, a maioria das equipas está ainda no Basquetebol do final dos anos 80, passando sistematicamente em terceiro, o que só é possível pela incapacidade do ataque, eventualmente algumas poucas equipas trocam, perante mais uma vez a falta de reacção apropriada do ataque.

Por último sobre a defesa ainda gostaria de lhe dizer que ainda vivemos numa era em que defender é não correr riscos. É normal ouvir treinadores de jovens a procurem impedir os jogadores de correr riscos defensivos, com expressões do género “não vás à intercepção”, isto para mim também é castrar jogadores.

Gostaria de lhe pedir que respondesse claramente a algumas perguntas que lhe fiz antes.
Prometo-lhe que no final deste longos texto lhe vou dar a minha opinião sobre aquilo que me interrogou, mas antes de dar as respostas quero contextualizar.

Cumprimentos, e espero que continue a escrever pois afinal, naquilo que é realmente importante não estamos tão distantes quanto isso.

Unknown disse...

Não tendo por hábito participar em blogs, não posso deixar de apreciar alguns "cestos convertidos" que aqui se vão escrevendo...
Desta forma, venho convidar particularmente o Sr. Carlos Marques, a visitar o CNT Col.Calvão/Vagos, e todos os treinadores em geral, a visitar e observar o trabalho que desenvolvemos neste Centro de Treino. Teremos pois oportunidade de trocar algumas ideias sobre os pressupostos em que acreditamos e que procuramos desenvolver.
Não havendo jogos calendarizados, os treinos decorrem no seguinte horário: à 2ªF das 18:30h às 20:30h e das 20:30h às 22:30h; e nos restantes dias da semana 3ª, 4ª e 5ªF das 18h às 20h e das 20h às 22h.
Grata pela atenção

Ana Catarina Neves,
Treinadora no Cnt Col.calvão/Vagos Treinadora adjunta Sel.Nac.Cad.Fem

Anónimo disse...

Ola boas noites!

Caro Pata negra, vou tentar responder as suas duas perguntas da melhor forma que sei!

Qual foi a melhoria dos resultados da Selecção Nacional Sénior, depois de se ter contratado o Ex-Seleccionador Espanhol, Vice-Campeão Europeu de Seniores?
Será que resolveu todos os males da Selecção Nacional?

Dizer-lhe antes demais que o Moncho Lopez é para mim o melhor treinador a trabalhar em Portugal e que dentro da esfera nacional dos que cá estão ou que são portugueses e trabalham lá fora, melhor que ele só o Mario Palma e o Luis Magalhães.
Os resultados foram piores que os do Valentim sem sombra de duvida, que recorde-se por muitos anos que esteja em Portugal não é Português.
Razões para tal, na minha opinião uma delas é que Natal é uma vez por ano e não duas ou três vezes por ano, não sei se me faço entender.
Além disso desmistificar uma coisa sobre o Moncho que hoje em dia é um treinador certamente para uma equipa de Leb Oro com algumas aspirações mas não mais do que isso, desde a sua passagem por Sevilha que perdeu o comboio da vanguarda espanhola de treinadores, e se adicionarmos a isso os que tem aparecido nos últimos tempos como o Sito Alonso, Xavi Pascual, Luis Guil, Jaume Ponsernau fazem com que o eu tenho dito não seja nenhuma heresia. Depois o seu sistema muito agarrado a dois interiores e três exteriores e as necessidades actuais de fazer o campo maior faz com que a sua missão de voltar a alta roda mais complicada. Mas independentemente disso o que se passa é que é preciso coragem para assumir uma ruptura e preparar o futuro e isso não se faz com os mesmos muitos deles com mais de 30 anos!
Vejamos o caso do Juan Diaz, qualidade sim mas é preciso coragem para criar um novo grupo, talvez a federação lhe tenha pedido que não facilitasse e tentasse mais um apuramento com o mesmo grupo a partir daqui na minha opinião já não há desculpas.
O pior é que se entrega muitos destes miúdos nas mão de Orlando Simões e das suas transições mirabolantes, que qualquer espanhol, francês ou italiano teria um bom serão de riso.
Os males são complexos, mas resolvem-se com competência e Moncho tem uma boa dose dela agora vamos ver se tem coragem suficiente para promover algum processos de ruptura com o passado.


Carlos